Anja Mutic, do jornal Washington Post, diz que já perdeu a conta às vezes que esteve em Lisboa, “uma das suas cidades de eleição”, e sobre a qual escreve com indisfarçável paixão, alimentada pelo que vê e por um mundo de emoções e recordações. “Falling in love, and longing, in Lisbon” é o título do artigo. Esta viagem a Lisboa começa a bordo do famoso elétrico 28, no Terreiro do Paço – uma praça agora renovada e dotada de restaurantes, cafés e museus –, por onde, em dias soalheiros, circulam multidões de turistas de câmara na mão.
O Tejo, as roupas nos estendais, mulheres de rosto enrugado à janela de casa, o fado, a História e a tão portuguesa saudade, são descritos ao longo do texto como característicos de uma cidade que se revela única. As colinas de Lisboa, com as suas vielas labirínticas, as ruas pavimentadas com calçada portuguesa e a arquitetura da Baixa Pombalina são igualmente referências sublinhadas por Anja Mutic, uma escritora de origem croata que vive em Nova Iorque e que, viajando pelo mundo, já escreveu para publicações tão prestigiadas como a National Geographic, o The Wall Street Journal, o New York Magazine, ou a BBC Travel, entre outros.
Sobre esta sua última visita a Lisboa, Anja Mutic reconhece que veio imbuída de uma missão muito curiosa, relacionada com um sentimento bem português: a saudade. “Tratava-se de encontrar a chave para um sentimento que me tem perseguido desde que descobri o país em 2005“, relata a escritora, acrescentando que logo da primeira vez que esteve em Lisboa sentiu uma forma muito peculiar de melancolia. Mas só numa outra visita Anja Mutic conseguiria identificar essa tal nostalgia, que acabou concluindo não ser mais do que saudade, uma palavra portuguesa para a qual não existe tradução.